CPI identifica organização com sete núcleos para disseminar fake news sobre Covid; Silas Malafaia na lista
As investigações da CPI da Covid revelaram uma organização com sete núcleos, articulados entre si, para disseminar conteúdo falso sobre o combate à pandemia.
A minuta do relatório final, distribuída a senadores pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) nesta terça-feira (19), mostra que a estrutura oficial do governo foi usada para levar fake news aos brasileiros.
Os senadores usaram informações colhidas no inquérito autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar disseminação de notícias falsas sobre temas gerais.
De acordo com a apuração da CPI, o comando vinha do presidente Jair Bolsonaro e dos filhos com cargos políticos.
Declarações e manifestações públicas de Bolsonaro, desde o começo da pandemia, minimizavam o impacto do vírus e legitimavam desinformação. Os filhos ajudavam a replicar essas fake news, sobretudo, nas redes sociais.
O segundo núcleo, identificado como “formulador” pela CPI, atuava em conjunto com um terceiro núcleo de “execução e apoio às decisões. Ambos eram formados por servidores do gabinete da Presidência da República, incluindo o que ficou conhecido como “gabinete do ódio”.
O quarto núcleo, ou “núcleo político”, era formado por parlamentares, políticos e líderes religiosos que davam suporte às decisões da organização. Aqui, são citados os deputados bolsonaristas Carla Zambelli (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF) e o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).
Também integravam esse núcleo o presidente do PTB, Roberto Jefferson, e o pastor Silas Malafaia.
Núcleos fora do governo
Os três outros núcleos identificados no relatório da CPI estavam relacionados a pessoas de fora do governo, sem cargo formal. Eram eles:
- o núcleo de produção das fake news e operação das redes sociais;
- o núcleo de disseminação das fake news, e
- o núcleo de financiamento.
A CPI destaca, no núcleo de financiamento, a participação dos empresários Otávio Fakhoury e Luciano Hang, ouvidos pela comissão. Segundo o relatório, eles forneciam recursos financeiros e materiais para sustentar economicamente a organização.
Principais temas
A minuta de relatório da CPI dedica dezenas de páginas às postagens, declarações e entrevistas dos integrantes destes núcleos com informações falsas sobre a pandemia.
Entre os principais assuntos estavam a suposta origem do vírus e críticas ao isolamento social. Também eram recorrentes mensagens de incentivo ao uso de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid.
E, para a comissão, o mais grave: o conteúdo antivacina disseminado pelo próprio presidente Jair Bolsonaro.
‘Desinformação institucional’
A CPI ressalta ainda a existência de uma “campanha de desinformação institucional” realizada pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República.
De acordo com o relatório que ainda será votado, o órgão “não realizou nenhuma campanha para promover as medidas preventivas então disponíveis à época, quais sejam: o incentivo ao uso de máscaras e o respeito ao distanciamento social”.
Em vez disso, a comunicação oficial preferiu “manipular e distorcer as estatísticas relacionadas à pandemia, usando a estrutura da administração pública para divulgar informações enganosas.”
As publicações da Secretaria de Comunicação, dizem os senadores, também defenderam o tratamento ineficaz e questionaram a segurança da Coronavac – inclusive, replicando desinformação produzida por Bolsonaro.
Do G1.