Tem alguém lucrando milhões com os tarifaços? Investidor comprou cerca de US$ 4 bi hora antes do tarifaço de trump e vendeu em seguida

Advocacia-Geral da União (AGU) peticionou na noite deste sábado, 19 de julho, uma notícia de fato no Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito do Inquérito 4995/DF, solicitando que sejam investigadas possíveis correlações entre os elementos em apuração no inquérito e a o uso indevido de informações privilegiadas no mercado cambial brasileiro envolvendo o anúncio oficial de novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil, no dia 9 de julho.
Reportagem do Jornal Nacional mostrou que houve “um movimento muito estranho de compra e venda de dólares no dia do anúncio do tarifaço” e que muita gente ganhou dinheiro com isso. A reportagem do repórter Felipe Santana mostra que alguém operou no mercado de dólar e real no dia 9 de julho, quando Trump anunciou a sanção contra o Brasil.
Segundo informações levantadas pelo JN, horas antes do anúncio de Trump, por volta das 13h30, alguém comprou uma quantidade enorme de dólares apostando contra o real. Segundo Spencer Hakimian, dono de fundo de investimento em Nova York, alguém comprou de US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões às 13h30, a R$ 5,46. E aí, dois minutos depois do anúncio, feito às 16h17 do dia 9 de julho, vendeu a R$ 5,60 – quase a mesma quantidade, tendo um elevado rendimento.
Alguém disse: “Eu quero fazer a transação rápido e não quero que ninguém veja”. Como uma pessoa poderia ter tanta certeza de que viria, naquela tarde, uma política econômica que desvalorizaria o real para fazer uma aposta tão grande? Spencer defende que as tarifas sobre o Brasil não fazem sentido econômico, porque os Estados Unidos vendem mais para a gente do que compram.
Movimento semelhante foi observado quando Donald Trump anunciou tarifas elevadas contra a África do Sul e a União Europeia. Os democratas estão tentando abrir uma investigação no Congresso dos Estados Unidos, mas sem sucesso. E uma investigação por órgãos dos Estados Unidos depende de funcionários ligados a Donald Trump. Ou seja, a possibilidade de a investigação prosperar por lá é mínima.
No âmbito da instituição, o gabinete do ministro pediu que a Procuradoria-Geral Federal, órgão da AGU que representa judicialmente a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), adote em caráter prioritário, as medidas que reputar cabíveis no âmbito de suas atribuições, inclusive em articulação com outras autoridades nacionais. A AGU pontua, que além da esfera criminal, o uso ilícito de informação privilegiada enseja responsabilidade civil e administrativa, inclusive por prejuízos ao mercado e a investidores.
