Mãe que perdeu dois filhos após comerem ovo de Páscoa envenenado pede justiça; ASSISTA
A operadora de caixa Mirian Lira, que perdeu os dois filhos após comerem um ovo de Páscoa supostamente envenenado, deixou o hospital. Em entrevista, ela diz não saber como vai ser a própria vida daqui para frente.
A filha de Mirian, Evely Fernanda, de 13 anos, morreu nesta terça-feira (22), cinco dias após o irmão, Luís Fernando, de 7 anos. Os três passaram mal após comerem o chocolate. A suspeita de ter enviado o ovo à família, Jordélia Pereira Barbosa, foi presa. Ela nega o envenenamento. VÍDEO ABAIXO
Após ficar internada em uma UTI e ser entubada, Mirian foi, aos poucos, se recuperando no hospital. Ela foi liberada para ir ao velório e ao enterro da filha nesta quarta (23).
Ver essa foto no Instagram
Na conversa com a repórter Leiliane de Araújo, Miriam afirmou também que nunca imaginaria que o ovo de Páscoa enviado para sua casa pudesse ter algum veneno. Esta é a principal suspeita da polícia até o momento.
“Quando chegou a embalagem, me ligaram, né? Me perguntaram se eu tinha recebido. Só que na minha cabeça, eu achei que fosse o povo da Cacau Show confirmando se eu tinha recebido a embalagem. Eu apenas falei que tinha recebido e não procurei investigar de onde vinha”, afirmou.
Sobre a ordem de quem comeu primeiro o ovo, a operadora de caixa relatou que só lembra de todos estarem na cozinha e provarem o chocolate praticamente juntos.
Jordélia foi presa em flagrante na quinta-feira (17) e a prisão preventiva foi decretada durante a audiência de custódia na sexta (18). Ela estava presa em Santa Inês, no Maranhão, mas foi transferida neste domingo (20) para a Unidade Prisional de Ressocialização Feminina de São Luís (UPFEM).
Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP), Jordélia deve permanecer no presídio à disposição da Justiça durante as investigações.
As amostras dos ovos de Páscoa foram encaminhadas para análise no Instituto de Criminalística e o prazo para o resultado é de 10 dias. Também já foi solicitada à perícia a coleta de sangue das vítimas e dos produtos encontrados com a suspeita, além do laudo cadavérico de Luís Fernando, que podem comprovar o envenenamento do ovo.
Polícia suspeita de crime por motivos de vingança
Segundo as investigações, Mirian Lira estava namorando há cerca de três meses com o ex-marido de Jordélia Pereira Barbosa. O relacionamento teria sido a motivação para o crime. Segundo a Polícia Civil do Maranhão, a suspeita tinha ciúmes e queria se vingar do ex-companheiro.
Segundo a polícia, Mirian e o atual namorado já tinham se relacionado durante a adolescência, na cidade de Santa Inês. Após o fim do namoro, Mirian se mudou para Imperatriz, onde conheceu o pai de seus filhos. Ela continuou a viver por lá mesmo após o fim desse segundo relacionamento.
Já o ex-namorado de Mirian continuou morando em Santa Inês, onde se casou com Jordélia e teve dois filhos com ela. Eles se separaram há dois anos.
Em janeiro deste ano, o ex-marido de Jordélia e Mirian voltaram a namorar, a distância. Foi ele quem deu pistas à polícia de que Jordélia poderia ser a autora do suposto envenenamento. O relacionamento deles era conturbado e a ex-mulher já havia ameaçado Mirian em janeiro, segundo ele relata.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/A/a/qJuZ08T2u9k9VAdFVE7Q/familia.jpeg)
Mirian e os filhos, Luís e Evely — Foto: Reprodução/TV Mirante
Quem é a suspeita presa
Jordélia é mãe de um casal de filhos, uma criança e um adolescente, que teve com o ex-marido. O g1 não conseguiu localizar a defesa da suspeita até a publicação desta reportagem.
Em um perfil em uma rede social, Jordélia afirma ser esteticista. Ela era conhecida no ramo da beleza e possui um estúdio de estética em casa.
A suspeita também frequentava uma igreja evangélica quando estava casada, segundo relatos de alguns fiéis, que disseram que o casal era problemático e vivia brigando, inclusive na porta da instituição religiosa.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/U/9/4gTUwpQbSwINUE4cyc2w/ovo-01.jpeg)
Há suspeita de que o ovo recebido pela família estava envenenado. — Foto: Reprodução/TV Mirante
Crime premeditado
Análises de imagens de câmeras de segurança, comprovantes de compras e depoimentos de familiares e pessoas ligadas às vítimas ajudaram a Polícia Civil do Maranhão (PCMA) a resolver um quebra-cabeça e chegar até a suspeita.
Segundo o delegado Ederson Martins, todos os indícios do caso levam a crer que o crime foi premeditado com detalhes e com antecedência.
Jordélia Pereira viajou 384 km, saindo de Santa Inês para Imperatriz. A viagem foi feita em um ônibus interestadual que liga os dois municípios. Ela saiu de Santa Inês por volta de 0h30 de quarta-feira (16) e chegou em Imperatriz no mesmo dia, pela manhã.
Por volta das 15h, Jordélia foi disfarçada a uma loja de chocolates e comprou um ovo de Páscoa. Imagens de câmeras de segurança do estabelecimento mostram ela usando óculos e uma peruca preta no estabelecimento. À noite, o ovo foi enviado para a casa das vítimas por motoboy.
Por volta de 2h30 da quinta-feira, ela pegou um ônibus intermunicipal para voltar a Santa Inês. Ela foi interceptada e presa assim que desceu do ônibus. A polícia encontrou com Jordélia duas perucas, restos de chocolate em bolsas térmicas e um bilhete de ônibus. As provas foram anexadas ao inquérito.
A suspeita se passou por uma mulher trans e fez a reserva em um hotel de Imperatriz. Com o nome falso de Gabrielle Barcelli, ela apresentou crachás falsos e um deles era de uma suposta empresa de gastronomia na qual ela trabalhava.
Para não apresentar um documento de identificação, ela alegou à direção do hotel que estava passando por um processo de regularização como mulher trans.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/Y/q/jT6IE1QZWZXngBy1n4og/material.png)
Material apreendido com Jordélia Pereira Barbosa, 35 anos, suspeita de envenenar família com ovo de Páscoa no Maranhão. — Foto: Divulgação/Polícia Civil do Maranhão