Guerra política de 2018 chega a 2022 mais violenta

Em 2018, a “guerra política” provocada pela extrema polarização entre bolsonaristas e petistas no país, se concentrou nos grupos de whatsapp mas não deixou de provocar baixas: muitas famílias se desuniram ao ponto de pais e filhos cortarem relações, após discussões acaloradas. Agora em 2022, quando novamente os dois grupos se preparam para medir forças nas eleições de outubro, as armas não são mais as palavras ditas ou escritas via internet. A violência começou com o uso de excrementos, veneno e, por fim, dos tiros que este final de semana, no Paraná, provocaram a morte do guarda municipal Marcelo Arruda e deixou seu agressor gravemente ferido.
Normalmente cordato e sensato, o ex-senador Cristovam Buarque chegou ontem a prever que o ato em Foz do Iguaçu, que vitimou um petista atingido pelo policial penal bolsonarista José Guaranho, que chegou a ser dado como morto mas sobreviveu, “pode ter sido o primeiro tiro da guerra civil que pode caracterizar as eleições deste ano”. A quem culpar pelo que está acontecendo? É difícil, embora as grandes lideranças dos dois lados devessem vir a público, pelo bem do país e da democracia, pregar a tolerância e a paz entre seus torcedores, como fez ontem o ex-presidente. Por enquanto, as vítimas têm sido, quase todas, do lado do PT. Isso não se pode negar.
Reações violentas tiveram início há duas semanas atrás quando um drone sobrevoou um evento do ex-presidente Lula, em Minas, e despejou veneno sobre os manifestantes;em seguida, uma bomba de excrementos explodiu ao lado do palanque onde o ex-presidente falaria, no Rio de Janeiro. Concomitantemente, o juiz Renato Borelli, de Brasília, que autorizou a prisão do ex-ministro da educação, Milton Ribeiro, teve seu veículo atingido por fezes e uma janela da redação do jornal Folha de São Paulo foi estilhaçada por um tiro. Se a morte do final de semana do guarda civil Marcelo Arruda e os ferimentos no policial penal José Guaranhopossam ser atribuídos ao clima carregado entre os dois, os demais casos dão indícios de que foram planejados, devendo ser responsabilizados não só os seus autores mas, se houverem, também os mandantes.
Como foi o caso
A morte do guarda municipal Marcelo Arruda ocorreu durante sua festa de aniversário que tinha como mote o ex-presidente Lula, presente através de fotos em banners e no bolo de parabéns. José Guaranho, irritado com a homenagem a Lula, discutiu com o aniversariante com arma em punho. Saiu do local mas já voltou atirando. Mesmo atingido, o guarda se defendeu desfechando tiros no agressor que também foi chutado por pessoas presentes. A polícia do Paraná informou que os dois teriam morrido no local mas, no final da tarde, a delegada responsável informou que Guaranhotinha sobrevivido e estava em hospital sob escolta da Polícia.
Fonte: Blog Dellas
