Família embarcou por engano no mesmo avião que caiu em SP em voo anterior ao do acidente
Um passageiro afirma ter entrado com a família por engano no avião ATR 72 no voo anterior ao da queda da Aeronave em Vinhedo (SP) na última sexta-feira (9). O acidente deixou 62 pessoas mortas. Fernando Morais, morador de Chapadão do Sul (MS), falou sobre o ocorrido em um vídeo publicado nas redes sociais. ASSISTA ABAIXO.
Segundo Fernando, o susto começou na sala de embarque do Aeroporto Internacional de Guarulhos. Ele relatou que, no portão 204, eram operados ao mesmo tempo, dois voos: um para Cascavel (PR), o avião que caiu em São Paulo, e outro para Rio Verde (GO), a aeronave em que o passageiro deveria ter embarcado desde o início.
“Tudo aconteceu em Guarulhos. O avião do acidente ia com destino à Cascavel, depois iria retornar para São Paulo. É a mesma aeronave para fazer um bate e volta. Se eu tivesse continuado no avião, teria que voltar para São Paulo e estaria no voo que caiu”, explica o passageiro.
Fernando comenta que houve um erro de comunicação da Voepass durante a chamada dos passageiros para os embarques para Cascavel e Rio Verde, que eram operados no mesmo portão. O passageiro afirma que o sistema de conferência de check-in estava fora do ar, o que teria provocado a confusão e troca de aeronaves. “Ela não pediu o meu documento e, eu até ofereci um documento para ela, sabe?”.
Na aeronave, Fernando, a esposa e o filho foram para os assentos indicados no ticket de embarque. A família ficou sentada por cerca de 20 minutos, quando foram alertados pelas comissárias de voo de que estavam na aeronave errada.
“Tinham outras pessoas que estavam no avião errado. Em seguida, deu um rolo de duplicidade de assento e falaram para os outros passageiros sentarem nas poltronas vazias enquanto esperávamos. Aliás, atrás de mim, tinha dois rapazes sentados, mas a comissária falou para eles que os bancos estavam inoperantes”, relembra Morais.
Comprovante da passagem, operada pela VoePass. — Foto: Fernando Morais/Arquivo Pessoal
Durante a espera, o passageiro relata que as comissárias Rubia Silva de Lima e Débora Soper Avila estavam na aeronave atendendo. Fernando lembrou das duas após ver a lista e as fotos das pessoas que morreram no voo 2283.
“Eu não consigo esquecer o rosto delas. Nós conversamos com as comissárias. A gente está num estado de tristeza agora, porque imagina que você tá em um avião de manhã e as pessoas conversam contigo, super educados, brincam, dão risada e chega de tarde, você sabe que aquele avião caiu daquela forma”, relembra Fernando sobre o contato que teve com as comissárias..
As comissárias perceberam o erro de embarque antes da decolagem e conseguiram um transporte para encaminhar os passageiros de Rio Verde para a aeronave correta, segundo Fernando.
- O voo para Rio Verde era para ter decolado às 8h45. Porém, só decolou apenas às 9h14 e chegou com 23 minutos de atraso, de acordo com as informações do site Flight Aware;
- Já o voo para Cascavel, estava programado para 8h36 e decolou apenas 9h06, com chegada às 11h16.
Em nota, a Voepass disse que “não comentará sobre passageiros de outros voos”.
Morais falou que antes de entrar na aeronave correta, mandou uma foto do avião para um amigo, que achava que a família sofreu o acidente. “Me ligaram desesperados, mesmo sabendo que eu iria para outro destino, mas ficaram assustados porque já sabiam das informações e de qual companhia eu estava”, falou Morais.
A família decidiu passar por Rio Verde para economizar no valor da passagem de avião. De lá, seguiram de carro para a cidade onde moram.
“Chegamos a Rio Verde, fomos almoçar e um amigo foi nos buscar. Chegamos em casa no fim da tarde. Quando liguei o celular, havia várias mensagens, e descobri sobre o acidente”, relembra Morais.
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