Deputados Federais e especialistas defendem reabertura das escolas
Parlamentares e especialistas defenderam a volta às aulas presenciais com medidas seguras de prevenção contra o coronavírus. Durante audiência pública da Comissão Externa da Câmara que acompanha as medidas de combate à Covid-19, nesta quarta-feira (9), relatos mostraram experiências diversas de enfrentamento à pandemia pelos sistemas educacionais de outros países.
O representante da Agência Nacional de Educação da Suécia, por exemplo, informou que apenas as escolas secundárias foram fechadas, porque o governo avaliou que o ambiente escolar era mais adequado para proteger as crianças do vírus. O governo sueco, no entanto, recebeu críticas pela decisão de manter o funcionamento do país sem alterações significativas.
Países orientais, como Japão e Coréia do Sul, fecharam as escolas por alguns períodos e reabriram com medidas de segurança, escalonamento de horários e monitoramento de infectados. O representante do governo coreano, Jang Lee, afirmou que, mesmo com todos os cuidados, o medo de exposição dos alunos ao coronavírus continua, mas que não há “solução mágica” para a prevenção.
“Não existe o tempo ideal de voltar às escolas. Cada país tem diferentes situações, diferentes maneiras de lidar com a Covid-19, inclusive adotar as aulas presenciais ou não. Isso sempre com base na avaliação dos riscos e benefícios na reabertura das aulas”, disse Lee.
“Vítimas ocultas”
Representante no Brasil do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Florence Bauer defendeu a reabertura urgente das escolas, apontando que além da educação, elas colaboram com a nutrição, a proteção e a saúde mental dos alunos. Ela classificou crianças e adolescentes como “vítimas ocultas da pandemia” e afirmou que municípios com situação melhor em relação à Covid-19 devem retomar as atividades com todas as medidas de segurança.
A relatora da comissão externa, deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC), lembrou que muitas mães precisam retornar ao trabalho e não têm com quem deixar os filhos, mas que a maior preocupação dos responsáveis por crianças e adolescentes é com a segurança.
Coordenador da comissão, o deputado Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. (PP-RJ) argumentou que os gestores têm que viabilizar a volta às aulas, já que diversas outras atividades já retomaram o funcionamento.
“Não é possível que as pessoas frequentem os restaurantes, os bares, as igrejas, a praia e as crianças fiquem fora da sala de aula. É uma péssima sinalização para um país que não considera a educação um assunto prioritário”, afirmou o deputado.
Antenados com as experiências internacionais, representantes dos vários níveis da educação brasileira reforçaram a necessidade de levar em conta diferenças regionais e situações diversas da pandemia na retomada das aulas.
O Ministério da Educação já elaborou um Protocolo de Biossegurança para atividades presenciais. As secretarias estaduais também estão estabelecendo protocolos e alguns estados, como o Espírito Santo, promovem consultas públicas à população. O Conselho Nacional de Educação salientou a importância da continuidade dos currículos em 2021 e da reposição de conteúdo, para evitar a evasão escolar.
As secretarias municipais sugeriram mais atenção à educação infantil, à alfabetização e a cidades com menos de 10 mil habitantes. Alessio Lima, representante dos dirigentes municipais, alertou para que não haja uma corrida para o retorno.
“Para alguns pais, a abertura da escola é como se a gente já tivesse vencido a pandemia do coronavírus e essa questão é bastante preocupante, porque pode ser um fator de reincidência e termos aí uma segunda onda de contaminação com uma velocidade e um pico muito maior”, alertou.
Pesquisa
Durante a audiência pública, a ONG Vozes da Educação mostrou os resultados de uma pesquisa sobre a volta às aulas feita em 20 países. Segundo o estudo, nações que tiveram desempenho satisfatório, ou seja, onde a reabertura das escolas não provocou o aumento dos casos de Covid-19, estavam com a curva de contaminação decrescente ou estabilizada, cumpriram o distanciamento físico e o monitoramento de casos, além de ter boa comunicação e transparência governamental.
Reportagem – Cláudio Ferreira
Edição – Ana Chalub
Fonte: Agência Câmara de Notícias